segunda-feira, 29 de junho de 2009

No dia 18 de junho de 2009, tivemos mais um encontro do GESTAR II, onde pudemos socializar nossas atividades com as colegas. Foi uma reunião muito proveitosa, com muitas trocas de experiências e atividades. Na oportunidade, pude expor às colegas a atividade que desenvolvi com meus alunos do 6º Ano da Escola Municipal João Ponce de Arruda, Agrovila. Essa atividade foi desenvolvida em conjunto com a Cintya, coordenadora da escola, que participa do curso como ouvinte. Trata-se do Avançando na prática da Unidade 15, Seção 2 da TP 4, porém aproveitamos algumas questões propostas nas páginas 78 e 79 da Seção 1 e criamos outras para aproveitar melhor o texto.
Optei por essa atividade porque quando trabalhei pontuação com os alunos dessa turma, percebi que não ficou clara a construção dos parágrafos. Os alunos ainda apresentavam dificuldades na organização das ideias e a atividade abordava justamente esse assunto.
No início da atividade, a grande maioria dos alunos demonstrou dificuldade, pois não estavam acostumados com tal gênero textual e, como o texto estava com os parágrafos embaralhados, a compreensão era mais difícil. Mas, lendo o texto várias vezes e descobrindo o primeiro parágrafo, a atividade começou a ficar interessante e eles começaram a montar o quebra-cabeça.
Durante o estudo do texto, alguns alunos falaram sobre viagens feitas para cidades como Rondonópolis, Cuiabá e algumas cidades do sul do Brasil, onde a poluição é grande e comentaram sobre as experiências vividas, sobre o contato com o ar poluído, sobre a água com gosto forte de cloro e sobre o barulho excessivo. Isso tornou o trabalho ainda mais interessante.
Abaixo está a atividade na íntegra.


O texto que vamos ler em seguida é do jornalista Luís Lobo e tem como título “Nossas Cidades”.
Podemos dizer que este texto é informativo, pois nos traz informações relevantes sobre: o processo respiratório; problemas respiratórios causados pela poluição e transtornos causados ao homem devido à poluição sonora – excesso de barulho.
Também pode ser considerado um texto de opinião crítica, pois faz comparações dos seres humanos com animais.


Nossas Cidades

Enjaulados, enquanto não fizermos desse zoológico um jardim mais verde, mais limpo, mais saudável, menos neurótico, a única solução é sairmos de vez em quando para respirar ar puro, beber água de verdade, ouvir o silêncio, sentir os cheiros da vida e reconquistar a tranquilidade perdida.
Você, por exemplo, respira de 20 mil a 30 mil vezes por dia, inspirando de cada vez mais ou menos meio litro de ar. Cerca de 30% desse ar enche 350 milhões de minúsculos compartimentos no pulmão, onde o sangue troca o venenoso dióxido de carbono por oxigênio, sem o qual a vida é impossível. Nas grandes cidades, o ar contém centenas de toxinas que prejudicam o desenvolvimento normal das células. Os gases que escapam dos veículos a gasolina, por exemplo, impedem a perfeita oxigenação do sangue e provocam alergias, doenças do coração e câncer. O monóxido de carbono é assimilado pelos glóbulos vermelhos 200 vezes mais depressa que o oxigênio. E o chumbo, derivado do tetraetileno de chumbo, é prejudicial acima de 100 milionésimos de grama por metro cúbico de ar, concentração que já existe em qualquer cidade de tamanho médio no Brasil.
Nossas cidades não são uma selva de asfalto e concreto; são enormes zoológicos humanos, onde vivemos em condições que não são naturais para a nossa espécie e onde corremos perigo também de enlouquecer de tensão, de adoecermos de civilização, pelo nariz, pela boca, pelos ouvidos.
É a água que bebemos? Os rios, principal fonte de água potável, são usados como canais de esgoto e despejo. A vida animal, na maior parte dos rios que abastecem as grandes cidades, já não existe, porque a vida é impossível, não está para peixe. Esse líquido clorado, recuperado, da nossa era higiênica tem pouca coisa a ver com a água potável, de nascente, digna de peixe e de homem. Estações de tratamento, filtros, toda a química disponível não consegue esconder que estamos bebendo um líquido que supre as nossas necessidades vitais, mas que é chamado água apenas por hábito.
Dor de cabeça, fadiga excessiva, nervosismo, distúrbios de equilíbrio, afecções cardíacas e vasculares, anemias, úlceras de estômago, distúrbios gastrintestinais, neuroses, distúrbios glandulares, curto-circuitos nervosos, tudo isso pode ser provocado pelo barulho das grandes cidades. E nem é preciso que seja barulho excessivo, porque, na maior parte das vezes, ele já é incomodo e contínuo.
Além disso, estamos ficando surdos. Em cada cem cariocas (ou paulistas, ou gaúchos), dez têm problemas de audição e cinco foram vítimas da poluição sonora. Hoje em dia há duas vezes mais pessoas surdas do que há dez anos, e a gente da cidade só ouve a partir de 36 decibéis, 10 na melhor hipótese, enquanto o homem do campo ouve ruídos de até 1 decibel.

LOBO, L. Turismo em foco. Ano IV, n. 19. p.19


GLOSSÁRIO
Afecção – doença.
Anemia – diminuição de hemoglobina do sangue, fraqueza, debilidade.
Decibel – unidade de medida da intensidade do som.
Dióxido de carbono – substância tóxica derivada do carbono.
Inspirar – fazer o ar entrar nos pulmões; oferecer uma base, um fundamento; criar disposição para determinada ação.
Monóxido de carbono – substância tóxica derivada do carbono.
Tensão – corrente elétrica; esticamento; rigidez; estado de ansiedade ou angústia, estresse.
Tetraetileno de chumbo – substância tóxica derivada do chumbo.
Toxina – substância tóxica segregada por seres vivos.



Ampliando o conhecimento:

1) O texto Nossas cidades apresenta os parágrafos desordenados, isto é fora da ordem em que foram escritos pelo jornalista Luís Lobo. Recorte os parágrafos e ordene-os, de forma que o texto tenha sentido.


2) Algumas palavras desse texto são polissêmicas, isto é: podem ter significados diferentes, conforme o contexto. Por exemplo: tensão e inspirar.

a) Indique o significado da palavra tensão, em cada uma das frases seguintes. Em seguida reescreva a frase utilizando o significado indicado. Não se esqueça de fazer as alterações necessárias!

O pessoal estava em silêncio, mas a tensão era evidente: alguma coisa estava por acontecer.
O funcionário da empresa morreu há pouco, eletrocutado por um cabo de alta tensão.
A tensão da corda era tal, que se romperia ao menor esforço.

b) Faça como no item anterior, porém a palavra a ser trabalhada é inspirar.

A novela foi inspirada no livro de Rubens Fonseca.

Nossa respiração tem dois movimentos: inspirar e expirar.
Pouca coisa o inspira, nesta etapa da vida.


3) O uso do parágrafo

A maioria dos textos é estruturado em parágrafos. Você sabe o que são parágrafos? E qual a sua função em um texto?
Os parágrafos dividem o texto em partes e servem para organizá-lo, mostrando a mudança de assunto dentro do mesmo.
Cada parágrafo começa afastado da margem, é iniciado com letra maiúscula, termina com um sinal de pontuação adequado para o tipo de frase que foi escrita. Agora que você já sabe o que é um parágrafo, indique abaixo a ideia central de cada um deles.

a) 1º parágrafo:
b) 2º parágrafo:

c) 3º parágrafo:

d) 4º parágrafo:

e) 5º parágrafo:

f) 6º parágrafo:

4) Depois de lido o texto “Nossas cidades” podemos dizer que a região onde moramos – Agrovila – assemelha-se as cidades descritas no texto?
Justifique sua resposta.


5) O autor prefere definir as nossas cidades como “zoológicos humanos”, e não como “selva de asfalto e concreto”. O que você acha que querem dizer as expressões “zoológicos humanos” e “selva de asfalto e concreto”?


6) Na questão anterior o autor usou aspas nas expressões: “zoológicos humanos” e “selva de asfalto e concreto”, explique o porquê do uso deste sinal de pontuação. Porém, para isso, leia com atenção a regra a seguir.

ASPAS: são usadas no início e no final de citações; para destacar palavras estrangeiras e gírias; para indicar a fala de pessoas, de personagens; ou ainda em palavras para destacar o seu sentido usado fora do habitual, normal.

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